18 June 2012

Desta vez, peço ajuda a quem lê...

Senta que o post de hoje é longo.

Então que eu sou louca por TV aberta. Digo, às vezes. Pq eu acho muito legal essas histórias que passam no Caldeirão do Huck, no Gugu, no Rodrigo Faro, no Ratinho, sobre gente que escreve pra eles e consegue uma casa nova, uma reforma na casa, reencontrar um amor...

Então que tem um certo quadro no Caldeirão do Huck, feito pra ajudar a reencontrar pessoas queridas. A família da minha mãe morava em Corupá-SC. E uma das irmãs dela foi adotada com menos de um mês de vida, em 1961, através da prática mais do que comum, a adoção à brasileira; e nunca conheceu a mãe biológica. Sabe como é: vc fica sabendo que uma mulher (ou menina) vai ter um bebê, não pode/não tem condições/não quer criar essa criança, vai na maternidade e registra a criança no seu próprio nome. Essa prática não é amparada por lei, a adoção tem todo um trâmite a ser seguido, etc, mas muita gente ainda recorre a esse tipo de adoção, muitas vezes por ser mais rápido, envolver menos gente, poder trazer logo a criança pra sua família e viverem felizes para sempre, que nem em comercial de margarina.

Pois bem. Eu já mandei colaborações para o Caldeirão do Huck, pedindo para que eles nos ajudem a encontrar a mãe biológica dessa minha tia. Já mandei mensagem no Facebook do Luciano Huck, pedindo ajuda. Já mandei tweetada pra ele. Só não mandei cartinha e sinal de fumaça ainda. Conheço bem o poder da mídia televisiva, ainda mais se falando em Rede Globo. E conheço também o poder da internet e da amizade. Passemos à história da vida da minha tia (e, por consequência, da minha família materna, também).

Minha tia nasceu em Corupá, em 15/08/1961; uma cidadezinha pequena de Santa Catarina. Na época, existia somente um hospital; onde foi realizado o parto. A mãe biológica da minha tia deveria ter, na época, por volta de 25 a 30 anos, e trabalhava como empregada doméstica em casas de família. Muitas vezes, ela dormia nas casas onde trabalhava, na mesma rua em que a família da minha mãe morava. Meus avós já tinha 4 filhas e, como meu avô era ferroviário, ficou sabendo que a empregada de um dos vizinhos estava grávida e não poderia cuidar da criança que ia nascer. Quando a minha tia nasceu, minha avó e a minha mãe, que na época tinha 8 anos, foram visitar a mãe biológica da minha tia - minha avó queria saber quem era a moça, para o caso dela se arrepender depois e querer tomar a menina dela. Minha mãe sempre me conta dessa cena com todos os detalhes que lembra, tanto que eu quase consigo visualizar: a mãe biológica dessa minha tia estava numa cama de ferro, dessas de hospital do SUS, deitada. Quando foi anunciada a visita, essa moça se cobriu com o lençol e virou para a parede, para que nem a minha avó nem a minha mãe vissem quem ela era. Minha mãe conta que ela era uma moça que parecia ser grande, tinha cabelos cacheados (no estilo daquela minha Barbie, sabem?), finos e loiros, e que pelo que minha mãe fala, lembrava minha tia. Uma das enfermeiras falou que, na hora do parto, a mãe da minha tia não queria nem olhar pra ela, pois assim que visse a bebê, iria amá-la e não conseguiria deixar que outra família a adotasse. Assim, no dia 18/08/1961, minha tia foi levada para a casa dos meus avós, e passou a fazer parte da família. Minha mãe conta que muita gente quis adotar minha tia, inclusive, um casal mais abastado da cidade; e que, inclusive, essa família que quis adotá-la (e não conseguiu) tem uma loja em Joinville, até hoje.

 Passados três meses, duas senhoras de aproximadamente 40 anos foram até a casa da minha avó, e minha mãe, que estava brincando na frente de casa, as recepcionou. Elas se apresentaram como irmãs da mãe biológica da minha tia, e que somente queriam saber se a família que tinha adotado a menina estava cuidando bem dela; pois caso contrário, elas levariam a criança embora. Também disseram que elas já haviam criado um outro filho dessa mesma irmã, e que se ela aparecesse em casa com outro bebê, seria expulsa. Elas deixaram anotado num papelzinho (que a minha avó guardou por muitos anos) o nome completo da mãe biológica da minha tia. Infelizmente, esse papelzinho se perdeu, e a minha mãe não consegue se lembrar do nome que estava escrito. Ela só se lembra que o nome começava com a letra "M", algo como "Madalena", "Margarida", "Margarete".

Depois de cinco anos, minha avó começou a ficar preocupada com a situação, quase não deixava minha tia sair para a rua, tinha medo que a mãe biológica ou mesmo as tias viessem buscar a menina. Foi então que uma freira (a família da minha mãe era muito religiosa, e todos trabalhavam na Igreja) sugeriu que eles se mudassem, com a família toda, para uma cidade maior, onde seria mais difícil de encontrar a família biológica. Naquela época, a chamada "adoção brasileira" não apenas era uma prática, era também um crime, e corria-se o risco de ir preso, e a criança ser devolvida para a adoção. Assim, a família da minha mãe (meu avô, minha avó, e seis filhas) se mudaram para Joinville.

Passaram-se os anos, a família viveu tranquila, e minha tia não sabia que tinha sido adotada. Por volta dos 20 anos, minha tia passou, assim como muitos nessa idade, por uma fase meio "rebelde"; e foi justamente nessa fase em que ela ficou sabendo que era adotiva. Uma revelação feita assim, "do nada", e que acabou por desencadear vários sentimentos: raiva, mágoa, sentimento de traição, tristeza, deslocamento... E aí, começou a busca. Minha tia não sossegaria até encontrar sua mãe biológica - não por ingratidão à minha avó, que sempre a tratou como filha; mas para saber das suas origens.

Minha tia foi atrás de tudo para procurar a mãe: contratou detetives, voltou várias vezes para Corupá, procurou videntes... E descobriu muito pouco. A mais velha das irmãs também foi para Corupá, atrás de pistas. Minha mãe, após ser apresentada ao Orkut e ao Facebook, conseguiu contato com conhecidos de Corupá daquela época, e soube que o hospital que a minha tia nasceu já foi fechado, mas que os registros estão arquivados na Prefeitura de Corupá - só que nenhum funcionário, até hoje, ajudou a fazer a procura nesses arquivos.

 O pedido que vou fazer agora, é muito mais importante do que o meu pedido de casamento no programa do Rodrigo Faro. Vai fazer muito mais diferença na vida de uma família inteira. Queridos amigos, seguidores, leitores (ainda que venham aqui pela primeira vez): DIVULGUEM PARA O CALDEIRÃO DO HUCK ESTA HISTÓRIA. Por favor, dêem um "curtir" ou "compartilhar" no link em que eu peço ajuda pra eles. Divulguem como link nos seus blogs, nas suas redes sociais, mandem por e-mail... A despeito de eu não ter citado nomes, não ter dado maiores informações, neste post (pq, pelo menos por enquanto, quero manter a privacidade da minha família), eu sei que somente com a força de vcs é que vou conseguir chamar a atenção da produção e, finalmente, após 30 anos de busca, dar um fim a ela.

Não estou fazendo isso pra aparecer na TV. Eu acho que a minha tia, depois de todo esse tempo longe da mãe, tem direito de ouvir dela, como as coisas aconteceram. Eu acho que a minha tia tem direito a conhecer a mãe biológica. Eu acho que a minha tia tem direito a abraçar a mãe biológica. Eu acho que a mãe biológica da minha tia tem o direito de saber que a filha foi adotada por uma boa família, que a ama, que a criou bem, que ela tem um filho e que é muito feliz.

3 comments:

Thaís said...

trabalhei alguns anos na vara da infancia de itajai/sc; se a sua tia for paciente, um pouco persistente, pode pedir a assistente social que a ajude na busca desses arquivos, porque ela tem direito a saber sua origem e etc...trabalhinho bom pra estagiaria, buscar esse registro! rs

Luana said...

ja mandei

Gisa Simpson said...

jà curti, Grazzi. Espero de todo coraçao que voces consigam encontrar a mae da sua tia!
Beijos!