29 November 2009

Hooligans Brasileiros, Paranaenses, Curitibanos

Eu curto futebol. Curto ir ao estádio ver meu time jogar. Até curto assistir, uma vez ou outra, mesa redonda na TV. Torço, assisto jogo, vibro, em uma época cheguei a VIVENCIAR o futebol. Ainda pretendo, algum dia, advogar para algum clube de futebol - principalmente, se esse clube for o Paraná Clube (PrC).
Então, você deve estar se perguntando, por que o título de Hooligans? E eu explico: sexta-feira, dia 27/11, vi de perto, no terminal do Capão Raso, em torno das 7 ou 7 e meia da noite, uma cena típica daqueles marginais que se dizem torcedores: os hooligans.
Quando eu era pequena, ouvia diversas histórias sobre as brigas que aconteciam nos Atletibas. Não eram lendas urbanas, sempre alguém conhecia alguém que tinha sofrido uma violência por torcer para outro time. Tudo era motivo: ser coxa, ser atleticano, estar com uniforme da organizada, ter o adesivo do time colado na pasta do colégio, falar que torcia para um ou para outro time... Tudo era motivo. Eu tinha medo. Até hoje tenho de, por um azar do destino, passar perto de algum louco varrido que não torça pro PrC e, por eu estar vestindo as cores erradas, me dar mal.
No último dia 27/11, fiquei indignada e revoltada por conta de uma "suposta" briga de torcidas. O que mais me chamou a atenção e enojou foi o fato de que não eram torcidas adversárias: as duas torcidas que se enfrentavam abertamente no terminal do Capão Raso torciam para o meu time, o Paraná Clube.
Eram mais ou menos seis e vinte quando peguei o Circular Sul no terminal do Boqueirão, e em uma determinada altura, entrou um rapaz com o uniforme do Paraná. Intimamente, eu sorri. Acho que até pensei "que bom, um paranista". Continuei no ônibus, e mais ou menos na altura do terminal do Portão, esse paranista pegou o celular, e perguntou para um amigo onde "ia ser o fervo". Aí, me toquei de que provavelmente teria jogo do Tricolor naquele dia.
Chegando ao terminal no Capão Raso, ouvi um foguetório e, quando desci do ônibus, me assustei com a quantidade de torcedores paranistas lá. Mas mesmo assim, me senti tranquila, afinal, eu também sou paranista. Enquanto eu andava para o tubo onde pegaria o Colombo/CIC, notei alguns seguranças correndo pelo terminal, gritando, apontando para determinada direção... E vi que, do outro lado do terminal, estavam mais alguns torcedores do PrC.
Não, amigos, não eram poucos torcedores. Era uma MASSA de torcedores. Dos dois lados, o que eu estava e o outro lado. Foi quando me bateu o medo. Medo de ser paranista e ser confundida com eles. Medo de ser paranista e eles acharem que eu NÃO ERA paranista. Medo de apanhar. Medo de sofrer alguma violência. Isso porque as duas torcidas (pelo que eu pude entender, "Zona Norte" e "Zona Sul") estavam se provocando mutuamente.
Para isso eu nunca tinha me preparado psicologicamente. Quando há torcidas do Coritiba e do Atlético em um mesmo terminal, em dia de jogo, eu sei o que fazer: fico na minha, não provoco, não olho diretamente para eles, não uso o meu ar de desafio. E, se o pau começar a comer, dou um jeito de fugir. Mas, o principal, é que nunca, em tempo algum, nem sob tortura, eu falo que sou paranista, nesse caso.
Agora, quando são duas torcidas que deveriam apoiar o MESMO time, se provocando, chamando pra briga (porque era o que eles estavam fazendo), eu juro que não sabia o que fazer: além de fugir, o que eu faço? Falo que também sou paranista ou deixo pensarem que torço pra qualquer outro time (sei lá, o América e o XV de Piracicaba seriam boas opções)? Não me entra na cabeça, por nenhuma lógica torta que seja, esse tipo de rivalidade.
Aliás, tenho em mente algumas sugestões para tentar acabar de vez com essas brigas: ficha na polícia para os desordeiros, e punição com multa pros clubes e jogadores toda vez que isso acontecer. Mas não qualquer multa: além de uma multa braba, as torcidas dos clubes que se envolverem em briga antes e depois do jogo estarão PROIBIDAS de assistirem aos próximos 5 jogos do time nos estádios, mesmo que não seja seu o mando de campo. Perdem as torcidas, perdem os clubes, perdem os jogadores, perde o futebol... mas salvam-se vidas, integridades físicas, tranquilidade, tudo mais.
Fiquei revoltada porque vi no Capão Raso, gente assustada com as torcidas se enfrentando, e tendo que ser contidas com cassetetes por seguranças. Era gente que não tinha nada a ver com o pato; que estavam voltando do trabalho (como eu); que voltavam com seus filhos; que voltavam (ou iam) para a aula; gente idosa... Todos na mesma situação: assustados com a possibilidade de apanhar, de ser agredidos, de sofrer qualquer dano. E isso, gente, não tem como as torcidas remediarem.
Por isso, peço a você, que está lendo este texto agora, que abrace mais uma causa em favor da não-violência: chega de brigas intra-torcidas. Chega de guerras entre torcidas. Chega de tentar mostrar no grito e no braço que seu time é melhor; que sua torcida é melhor e domina. Se não por você, por algum conhecido seu. Já ouvi diversas histórias escabrosas, que não foram divulgadas na TV, por conta dessas gangues que se fantasiam de torcedores, e se escondem sob uma máscara de torcida organizada.
Peço aos dirigentes de torcidas organizadas que realmente ORGANIZEM as torcidas. Para que ninguém, dentro ou fora delas, seja atingido por meia dúzia de marginais que pode até ser que torçam pelo mesmo time que vocês, mas que com certeza, estendem sua fama de desordeiros ao resto de uma "organização" que faz com que o futebol se torne um espetáculo mais bonito.
E se você conhece um cara que ama encontrar com a torcida organizada pra brigar... o que eu posso dizer? Esse aí só vai se mancar que briga de torcida não faz o time crescer quando ver alguém próximo (amigo, parente, vizinho) morrer de uma maneira estúpida, justamente por conta de uma discussão no bar sobre o jogo do último final de semana...

05 October 2009

Quando o Bloqueio é uma M...

Acho ridícula essa história de bloquear sites nos locais de trabalho. Tudo bem em relação a bloquear sites pornográficos - tem cara sem noção do quanto é constrangedor ir na mesa do colega para falar de algum projeto e dar de cara com uma bunda que ocupa quase toda a tela. Mas daí a bloquear sites, blogs, MSN, tudo que não esteja relacionado ao trabalho... Acho besteira mesmo.
E acho isso por acreditar que, com uma boa conversa - até uma boa lavada - tudo se resolve. Ou seja, deixando claro desde o início que a visitação a sites não relacionados ao trabalho da empresa é permitido, porém, não se tolera que tais visitas atrapalhem o fluxo produtivo do funcionário, vale muito mais a pena não bloquear.
Principalmente se era permitido e passou a ser bloqueado. Ninguém, em tempo algum, consegue passar as 8 (ou 6, ou 10, sei lá) horas do dia sem dar uma desanuviada na mente. Eu sou assim. Às vezes, estou mega concentrada em uma coisa. De repente, o cérebro dá uma pane total. Do nada. Isso começou a acontecer com uma frequência tal que passei a notar que, nessas horas, as idéias precisam passear no bosque enquanto seu lobo não vem. Pq depois do passeio no bosque, as idéias ficam muito, mas muito melhores e mais rápidas.
Eu notei que, em apenas uma semana de bloqueio, meu pensamento já não está mais tão rápido, ligeiro e certeiro quanto na época de acesso livre a todo e qualquer site. Sério.
Porque, quanto mais eu foco no trabalho, pura e simplesmente, mais minha mente se nega terminantemente a terminar o que começou. Pra meu desespero.
Ou seja, eu preciso de uma válvula de escape para poder produzir melhor. Pode até parecer conversa de quem mata trabalho, mas eu sei como funciono. E acho que muita gente poderia trabalhar bem melhor se fosse adotada a política "Vcs são adultos, estão aqui a trabalho, mas eu sei que não são máquinas e por isso podem acessar os outros sites; mas não abusem".
Por isso, sou favorável ao não bloqueio de sites. Sou a favor de, se isso atrapalhar o bom rendimento do funcionário, colocar limites - mas não proibir geral. Isso não só não adianta, como tb deixa o funcionário desmotivado pra continuar trabalhando. Experiência própria.

07 July 2009

Estou lendo "Moonwalk"...

...E, só para constar, é incrível como uma única imagem consegue transmitir tantos sentimentos. Falei da imagem no clipe "You're not Alone", em que o Michael parecia demonstrar uma solidão quase palpável (tá, não falei bonito asssim, mas foi essa a idéia que a imagem sempre me passou).
Acabei de ler duas passagens do livro Moonwalk (não, eu não tinha lido o livro ainda) e coincidentemente metade das coisas que escrevi hoje, antes do seu funeral, estavam no livro. É como se eu soubesse de antemão o que ele sentia.
Gostaria de poder ter conhecido Michael Joseph. Sério. Por cada olhar que ele transmitiu em entrevistas; por cada demonstração de força em seus passos de dança; por cada expressão de sua vida em suas músicas.
Infelizmente, não deu tempo. Mas com certeza, algum dia, iremos nos encontrar, Michael. Porque vc sempre estará, de alguma forma, perto de nós - e nós estaremos perto de você.

Tributo a Michael Jackson (1958-2009)

Eu sei que parece batido, que é óbvio e que milhões de outros fãs (a maioria, bem mais fãs do que eu), irão fazer a mesma coisa em seus sites, blogs, orkuts, twitters e mesas de bar, pelo mundo inteiro. Inclusive, muito melhor do que eu - que não acompanhei a carreira de Michael Jackson desde o início.
E nem tinha como eu fazer isso, já que não era nem nascida na época; e nunca me interessei em fazer o "túnel do tempo" de Michael Jackson. Pra mim, ele existia, era o máximo, ponto. Fim de conversa.
A lembrança mais remota de MJ em minha vida é também a mais óbvia: o videoclip de "Thriller", sendo exibido pela 1ª vez em TV aberta no Brasil. Lembro como se fosse hoje: domingo à noite, Fantástico rolando na TV, e o tradicional videoclip que encerraria o programa. Naquele domingo em especial, meus pais deixaram que eu fosse dormir fora do horário, para ver o clip - apesar da minha mãe achar que eu me assustaria e teria pesadelos à noite. Eu tinha entre 6 e 8 anos.
Fiquei impaciente durante o programa todo, e quanto mais chamadas do clipe eram feitas, mais eu queria vê-lo. Esse videoclipe me marcou muito, muito mesmo: fiquei assustada, devo ter tido pesadelos; e até hoje, quase 30 anos depois, só consigo assistir a "Thriller" com a luz acesa (certo, ataque de risos merecidos).
Mas, infelizmente, ele se foi. Quero dizer, não exatamente "ele". Falo da parte física, palpável; pois os inúmeros shows, músicas, polêmicas, entrevistas, etc, vão mantê-lo perto e bem vivo - enquanto houver uma única pessoa que se lembrar do artista, do performer fantástico que ele foi/é.
E hoje, quase 2 semanas após sua partida, com toda a repercussão, a cobertura pela mídia, e até mesmo com as atitudes de algumas das pessoas próximas a MJ (talvez, alguns familiares); fico me perguntando: se Michael estivesse aqui, ao nosso lado, fisicamente, ao lado de cada um de seus fãs, o que nos diria sobre tudo isso?
Talvez ele olhasse para tudo, para o memorial que está sendo transmitido neste momento, sentisse o carinho e o real pesar de seus fãs (se é que não está realmente vendo e sentindo!), e pensasse: "OK, that's just another show, let's go!". Mas só se ele considerasse esse único fato, isoladamente.
Eu acho realmente que Michael não iria ver nada isoladamente. Não parecia ser uma coisa típica dele, ver cada ponto isoladamente. Com certeza, ele iria ver o que estão fazendo com seu corpo, com seus filhos, com sua morte... e dizer: "Stop it! Stop it now! They're my children, it's my body, it's my pain! Oh, God, Oh God, Oh God... Don't let them do it to me, to my family! Please, protect my kids, protect my family, protect myself...".
Michael pediria para respeitarem sua dor em deixar sua família e seus fãs assim; para respeitarem a dor dos fãs; para respeitarem sua morte. Será que seria isso que ele diria?
Será que todo esse circo era o que a pessoa Michael Jackson queria em torno de sua morte, de seu funeral, enfim, em torno de tudo que ele construiu? Porque o que se passa é digno do performer Michael Jackson. E do homem Michael Joseph Jackson? Seria esse seu desejo?
A imagem que tenho dele (tanto faz, o ídolo ou o homem), ao mesmo tempo que é bonita visualmente, é triste essencialmente. Sabe aquela música "You're Not Alone"? Lembra do clip, que ele filmou quando estava casado com a Lisa Marie Presley? Tem uma cena em que ele passa andando, com a camisa preta aberta, em frente a vários fotógrafos, com flashes espocando.
E MJ ali, aparentemente sem se dar conta dos flashes, transmitindo uma sensação incrível de solidão, sem ninguém.
Essa imagem parece transmitir toda a vida dele, desde que começou com os The Jacksons (pensei que eles sempre haviam sido os Jackson 5, mas não). A impressão que tive quando vi essa cena pela primeira vez, o pensamento que me passou pela cabeça foi "Meu Deus, ele sempre viveu assim". Sério.
Mesmo com milhares de pessoas o rodeando, querendo chegar perto dele (seja lá por qual motivo fosse); e ele ali, sentindo-se só, como se não tivesse um porto seguro, um local só dele, um colo onde chorar, um abraço para onde voltar.
Espero, sinceramente, Michael, que você encontre após sua morte, a paz, a segurança, a felicidade que talvez não tenha encontrado em vida.
"Rest in Peace".

27 March 2009

Ambientalistas...

Eu sou a favor do meio-ambiente, pra que ele não se torne apenas meio. Sou favorável à reciclagem do lixo; da economia de luz e água; da pesquisa de veículos menos poluentes; de menos agrotóxicos na comida - e, por consequência, no solo e nas águas; sou contra o desmatamento ilegal; sou contra a matança desenfreada de animais; adoro orgânicos (embora sejam caros para o meu bolso); tudo isso.
Só não entendo muitos ambientalistas. Juro. Estava lembrando do que minha mãe falou, há uns dias/semanas atrás: "antes, quando os pacotes de mercado eram de papel, a gente precisava mudar pras sacolas de plástico para economizar as árvores. Agora, que as sacolas de mercado são de plástico, a gente precisa usar pacotes de papel pra evitar o desmatamento. Vai entender essa gente". Parece realmente um descompasso, um contra-senso, uma contradição.
Antes, a gente deixava de usar pacotes de papel (que, aliás, rasgavam facilmente e eram uma porcaria de carregar) para evitar o desmatamento, pois uma árvore só poderia geral "x" pacotes de mercado e, para atender a demanda dos mercados, era preciso derrubar X (elevado à 20ª potência) árvores. E olha que eram pacotes de papel pardo, sem passar por todo aquele processo que deixa o papel branquinho, bonitinho, etc.
Depois disso, passou-se a usar as sacolas plásticas nossas conhecidas, que são bastante úteis, diga-se de passagem (e enquanto ambientalistas fanáticos não vêm me trucidar). Mas, de um tempo pra cá, as nossas amiguinhas são acusadas de ajudar na degredação do meio ambiente; já que demoram mais tempo (agora eu não lembro exatamente o lapso temporal) que o papel para se decompor na natureza. E voltamos à campanha do "usem sacolas de papel"; que por sinal, não aguentam o peso de duas garrafas pet de 2 litros de refrigerante (também vilões na luta pelo meio ambiente).
Daí vem vc me dizer "por que razão, então, não utilizamos aquelas sacolas de algodão? Práticas, duradouras, bonitinhas, e ecologicamente corretas?". Eu te dou uma excelente razão para não comprá-las.
O caso é que, para mim, está parecendo que querem te induzir a consumir cada vez mais. Ou seja, antes, lááá atrás, quando a pessoa ia à mercearia, ao mercadinho, à bodega, ia já com a sua sacolinha que levava de casa. Depois, para que as pessoas vissem como não precisariam carregar "só" o que coubesse na sacola, passaram a fornecer os pacotes de mercado; daí pras sacolas plásticas foi um pulo e - voltamos aos nossos tempos ecologicamente corretos. Afinal, é difícil encontrar, nos dias de hoje (embora não impossível) quem ainda tenha em casa as sacolas próprias para mercearia... E como as sacolas de algodão "ecologicamente corretas" estão ali, na mão, mesmo... O que são R$ 2,00 a mais no total da compra, não é mesmo?
A questão é que, pelo menos por enquanto, vc vai descarregar as compras do carro, vai tirar a sacola e NÃO VAI lembrar, imediatamente, de recolocá-la no carro. O que vai te levar, nas próximas compras, a dar um tapa na cabeça, na fila do mercado, e falar "putz, esqueci a sacola em casa!". E aí, o que vc faz? Compra NOVA sacola "ecologicamente correta" para guardar as compras da vez, acrescentando "apenas" mais R$ 2,00 na conta da semana.
Agora, imagina isso por mês. São em média R$ 8,00 em sacolas que vc gastou. Imagina mais 10 pessoas na mesma situação que vc (só dez, não quero ser chata). São R$ 80,00 a mais pro mercado... Pra eles R$ 80,00 não faz diferença em um mês. Agora imagina esses R$ 80,00 em um ano!!! E imagina que tem mais de 1000 mercados em uma cidade como Curitiba! Olha só a economia que as sacolas "ecologicamente corretas" geraram!
Se vc opta pelas sacolas ecologicamente corretas, sou a favor. Mas tenha em mente que não é apenas o meio ambiente que elas estão procurando salvar.

01 March 2009

Terapia Doidasticamente Feita em Frente ao Computador

Quando a gente é criança, não tem muito essa de guardar sentimentos. E eu era assim: se sentia raiva, explodia mesmo, até chorava; se estava feliz, ria, contava pra todo mundo, achava todo mundo bonito e legal; se estava triste, me trancava no quarto chorando, tentando colocar pra fora toda a tristeza que me abatia. Mas nunca tentava entender esses sentimentos.
À medida que se vai crescendo, começa a história de guardar sentimentos, de não querer que alguns saibam o que estamos sentindo, de tentar entender o que se passa conosco... E é justamente aí quando começam os problemas. Não por tentar entender ou guardar os sentimentos, mas por não expressá-los da maneira correta e na hora correta. E isso ninguém nos ensina.
É perfeitamente aceitável (e até esperado) que, quando morre uma pessoa querida, a gente fique triste e derrame algumas lágrimas. O que os outros não aceitam é que, passado um tempo (sejam semanas, meses ou anos) de vez em quando bata aquela saudade, e vc comece a chorar sem muita explicação.
Vou te contar... Isso é a coisa mais idiota na face da terra que a humanidade já inventou. E conto o pq: em 2006, uma tia minha, de quem eu gostava muito (mas muito MESMO), morreu de repente. Do nada. E até hoje eu sinto a falta dela, por um motivo muito simples: por mais que eu errasse, por mais besteiras que eu fizesse, por mais que eu a magoasse (e, Deus do céu, eu sei que fiz isso), ela sempre estava lá. De braços abertos, sempre pronta pra me abrir aquele sorriso, e me aceitar e gostar de mim, me achando uma das pessoas mais importantes da vida dela, por ser exatamente do jeitinho que sou. Ela não achava que eu era perfeita, e acho que não se incomodava muito com isso. Mas o ponto crucial para mim é que, mesmo eu sabendo disso tudo, ela ainda assim demonstrava o quanto eu era importante pra ela.
A gente sabe que mãe e pai querem o nosso bem. Sabe que eles nos aceitam, mesmo tendo consciência de todos os nossos defeitos, e que somos talvez as pessoas mais importantes que eles têm na vida. Mas eu sempre senti falta dessa demonstração que a minha tia me dava. Eu sei bem o quanto eles me querem bem e o quanto querem que eu seja uma pessoa feliz, importante, bem colocada... Mas acho que já estou tão magoada, tão triste, que não consigo enxergar as demonstrações que, mesmo não sendo perfeita, não tem importância.
Vcs vão pensar que eu estou sendo criança, que estou sendo imatura e mimada por essa minha atitude. Mas uma coisa é certa: estou começando a ficar muito cansada, mas cansada mesmo, de tentar demonstrar o quanto eu posso ser uma pessoa legal, bem sucedida, e feliz, e quando faço algo com que os meus pais não concordem, não aceitem, achem errado, parece que cometi um crime federal, sem direito a indulto. Me sinto julgada por uma ação, e não pela pessoa que eu sou.
Me sinto sempre no fio da navalha: não posso dar um deslize. Não posso tomar uma atitude que os contrarie. Não posso usar um corte de cabelo que eles não aprovem. Não posso gostar de pessoas que eles não considerem perfeitas. Na verdade, muitas vezes sinto que não posso tomar minhas próprias decisões.
Eu guardo, guardo, guardo e guardo cada vez mais esses sentimentos, e isso vai crescendo dentro de mim. Ao invés de explodir, eu guardo. Não quero demonstrar que sou fraca e que às vezes eu quero um colo pra chorar, chorar, chorar e continuar chorando até o peito doer. Mas não quero que ninguém me dê resposta alguma, eu quero simplesmente que a pessoa me escute e fique lá, esteja lá, demonstrando que gosta de mim e que não tem problema nenhum eu chorar. Que não tem problema nenhum eu não ser perfeita, que tudo bem eu errar às vezes e que uma vez ou outra eu vou fazer escolhas erradas, mas que vou me levantar, seguir em frente e tudo vai se ajeitar. De um jeito ou de outro.
Mas eu sempre sinto que tenho que ser a Srta Perfeição, tenho que ser bonita, magra, elegante, bem articulada, discreta, bem colocada profissionalmente em um concurso público, mesmo sem gostar do que faço (pq ganho bem, e isso deve bastar), ter uma pessoa ao meu lado que me sustente financeiramente - ou até não ter ninguém, o que deve ser melhor; chegar em casa no horário, não sair, não conversar com ninguém (pq ninguém nesse mundo é digno de confiança); usar roupas chiques mas que custem pouco; falar pouco, quase nada, fazer piadas na hora certa, e o principal, não dar trabalho para ninguém.
Chorar no ombro ou no colo implica em dar trabalho para alguém. Então não sou perfeita. A impressão que tenho é que basta um errinho mínimo para que tudo o que eu faça, todos os dias (e que nunca é o suficiente) perca todo o seu valor. Basta eu comer um pouquinho a mais, para me tornar uma pessoa digna apenas e tão-somente de pena por ser esganada e balofona. Basta gastar com uma bobagenzinha que eu queria, pra que me torne uma gastadeira irrecuperável e caloteira em potencial. Basta eu chorar de tristeza ou saudade ou raiva para ser um fardo pesado na vida de todos.
Às vezes eu acho que não deveria ter nascido, que vim foi de teimosa. Ainda me lembro das palavras ditas uma vez, quando eu tinha uns 15 anos: "Fui burra de engravidar, e quando fiquei sabendo, a burra aqui ainda ficou feliz". Isso me machuca tanto, tanto, que todos os dias eu penso se sou um erro da natureza (não com essas palavras); e também que não quero ter filhos para não passar toda essa carga errada adiante.
Estou tão cansada da minha vida, tão cansada de viver, que não tenho mais ânimo para sair, me divertir, comer, sei lá. Tudo me cansa. Tudo me deprime. Não vejo graça em mais nada, estou voltando ao automático: acordar, me arrumar, ir para o trabalho, trabalhar com carinha feliz, voltar para casa, fazer carinha feliz, comer qualquer coisa, ouvir reclamação, tomar banho, dormir. Estou voltando ao automático. Hoje também vou estar no automático: sair, comer, ver as coisas, conversar um pouco, voltar pra casa, tomar banho, ver o BBB e dormir. E amanhã começa tudo outra vez...

17 February 2009

Enquanto isso, numa internet próxima de vc...

É engraçado como a internet, o e-mail, o orkut e tantas outras coisas mudam a vida da gente.
Antes eu não conseguia passar um dia sem ler, responder e encaminhar meus e-mails; não podia passar um dia (que dirá uma semana!) sem ver meu orkut; e deixar de postar no meu blog, deixar de visitar meus sites e blogs favoritos...

E isso foi perdendo espaço e importância de três - digo, dois anos pra cá. Os emails bonitinhos começaram a ser repetitivos, ou seja: cada vez que vejo um e-mail com o assunto "Lindo", "Vc vai amar", "Muito Fofo", é a senha para eu ligar o automático e deletar o e-mail, sem dó nem piedade - e, via de regra, sem ler. Já li tantas vezes que Jesus me ama; que o menino sabia que ia morrer e disse isso aos pais e irmãos; que o cachorrinho era manco e foi comprado por um menino manco, que isso já não me atinge mais.

Agora, só passo adiante uma ou outra piada; um ou outro vídeo; uma ou outra mensagem. E tudo no CCO, para evitar que algum e-mail mal-intencionado invada minha conta, azede o leite e queime o HD. Duros tempos, duros tempos...

Antigamente (putz, antigamente eu falava antigamente quando algo tinha mais de DEEEEZ ANOS), não ler o e-mail de alguém significava quase uma ofensa pessoal: a pessoa tirava uma parcela do próprio tempo, pesquisando nos próprios e-mails uma belíssima e construtiva mensagem sobre a miséria no mundo, e eu retribuía simplesmente deletando a mensagem??? Não, meus amigos: eu também entupia as caixas de e-mail dos meus contatos (sim, porque quando eu abri a minha primeira conta de e-mail, tinha vários contatos!) com mensagens edificantes, belíssimas e extremamente carregadas.

Hoje em dia, dou uma rápida olhada na página do Hotmail: tem o clipezinho indicando anexo? Dependendo do assunto, eu não leio, não abro, não encaminho, deleto e não me sinto culpada por isso. Ou seja, não me estresso mais com isso.

Orkut tb já teve papel mais importante na minha vida. Cheguei a entrar em quase 300 comunidades, das mais bizarras às mais sérias. Agora, não. Metade das quase 150 são bizarras, e uma boa parte é séria - mas todas revelam um pouco do que sou.
Hoje em dia, o Orkut não é nada mais do que mais um modo de saber notícias de amigos e parentes distantes. Ainda fico decepcionada quando não tem uma quantidade enoooooooooorme de recados na minha página, e não tem comentários nas fotos, mas mesmo assim, não me estresso. Aquela coisa de "quer saber? Já foi".

Quando diziam que a internet ia dominar o mundo, eu juro que acreditava: era site de tudo, blog de todo jeito, tudoaomesmotempoagora. Agora estou vendo que não é bem assim, já que uso a internet mais pra trabalhar e comunicação (realmente!) do que para me divertir.

Foi a mesma coisa quando surgiu a televisão: diziam que o cinema ia acabar. A internet ia acabar com os livros. A internet ia manter todos muito mais em casa. E quer saber? Nada disso acontece realmente. Pq todo mundo convive muito bem, hoje em dia, com a sua vida real e a sua vida virtual - até mesmo os que são bitolados em internet... Até mesmo os viciados em computador.

Só sinto falta mesmo do micro, da internet, quando estou no ônibus: infelizmente, as minhas melhores idéias para textos surgem justamente enquanto estou me equilibrando para me manter em pé.