Eu sei que parece batido, que é óbvio e que milhões de outros fãs (a maioria, bem mais fãs do que eu), irão fazer a mesma coisa em seus sites, blogs, orkuts, twitters e mesas de bar, pelo mundo inteiro. Inclusive, muito melhor do que eu - que não acompanhei a carreira de Michael Jackson desde o início.
E nem tinha como eu fazer isso, já que não era nem nascida na época; e nunca me interessei em fazer o "túnel do tempo" de Michael Jackson. Pra mim, ele existia, era o máximo, ponto. Fim de conversa.
A lembrança mais remota de MJ em minha vida é também a mais óbvia: o videoclip de "Thriller", sendo exibido pela 1ª vez em TV aberta no Brasil. Lembro como se fosse hoje: domingo à noite, Fantástico rolando na TV, e o tradicional videoclip que encerraria o programa. Naquele domingo em especial, meus pais deixaram que eu fosse dormir fora do horário, para ver o clip - apesar da minha mãe achar que eu me assustaria e teria pesadelos à noite. Eu tinha entre 6 e 8 anos.
Fiquei impaciente durante o programa todo, e quanto mais chamadas do clipe eram feitas, mais eu queria vê-lo. Esse videoclipe me marcou muito, muito mesmo: fiquei assustada, devo ter tido pesadelos; e até hoje, quase 30 anos depois, só consigo assistir a "Thriller" com a luz acesa (certo, ataque de risos merecidos).
Mas, infelizmente, ele se foi. Quero dizer, não exatamente "ele". Falo da parte física, palpável; pois os inúmeros shows, músicas, polêmicas, entrevistas, etc, vão mantê-lo perto e bem vivo - enquanto houver uma única pessoa que se lembrar do artista, do performer fantástico que ele foi/é.
E hoje, quase 2 semanas após sua partida, com toda a repercussão, a cobertura pela mídia, e até mesmo com as atitudes de algumas das pessoas próximas a MJ (talvez, alguns familiares); fico me perguntando: se Michael estivesse aqui, ao nosso lado, fisicamente, ao lado de cada um de seus fãs, o que nos diria sobre tudo isso?
Talvez ele olhasse para tudo, para o memorial que está sendo transmitido neste momento, sentisse o carinho e o real pesar de seus fãs (se é que não está realmente vendo e sentindo!), e pensasse: "OK, that's just another show, let's go!". Mas só se ele considerasse esse único fato, isoladamente.
Eu acho realmente que Michael não iria ver nada isoladamente. Não parecia ser uma coisa típica dele, ver cada ponto isoladamente. Com certeza, ele iria ver o que estão fazendo com seu corpo, com seus filhos, com sua morte... e dizer: "Stop it! Stop it now! They're my children, it's my body, it's my pain! Oh, God, Oh God, Oh God... Don't let them do it to me, to my family! Please, protect my kids, protect my family, protect myself...".
Michael pediria para respeitarem sua dor em deixar sua família e seus fãs assim; para respeitarem a dor dos fãs; para respeitarem sua morte. Será que seria isso que ele diria?
Será que todo esse circo era o que a pessoa Michael Jackson queria em torno de sua morte, de seu funeral, enfim, em torno de tudo que ele construiu? Porque o que se passa é digno do performer Michael Jackson. E do homem Michael Joseph Jackson? Seria esse seu desejo?
A imagem que tenho dele (tanto faz, o ídolo ou o homem), ao mesmo tempo que é bonita visualmente, é triste essencialmente. Sabe aquela música "You're Not Alone"? Lembra do clip, que ele filmou quando estava casado com a Lisa Marie Presley? Tem uma cena em que ele passa andando, com a camisa preta aberta, em frente a vários fotógrafos, com flashes espocando.
E MJ ali, aparentemente sem se dar conta dos flashes, transmitindo uma sensação incrível de solidão, sem ninguém.
Essa imagem parece transmitir toda a vida dele, desde que começou com os The Jacksons (pensei que eles sempre haviam sido os Jackson 5, mas não). A impressão que tive quando vi essa cena pela primeira vez, o pensamento que me passou pela cabeça foi "Meu Deus, ele sempre viveu assim". Sério.
Mesmo com milhares de pessoas o rodeando, querendo chegar perto dele (seja lá por qual motivo fosse); e ele ali, sentindo-se só, como se não tivesse um porto seguro, um local só dele, um colo onde chorar, um abraço para onde voltar.
Espero, sinceramente, Michael, que você encontre após sua morte, a paz, a segurança, a felicidade que talvez não tenha encontrado em vida.
"Rest in Peace".
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