Então que Chico Anysio MÓR-REU. Na sexta, depois de tanto tempo internado e sofrendo e doente e talz. Claro que a gente sabe que todos os blogs que vão homenagear o Chico vão falar do seu incrível talento; da sua inacreditável criatividade; da sua inimitável capacidade de se reinventar; dos trocentos personagens criados; da generosidade que tinha ao misturar novos humoristas com humoristas renomados (e, infelizmente, esquecidos pela mídia até ele os resgatar do ostracismo)...
Bom, eu quero lembrar de dois pontos: o primeiro, um detalhe que um filho dele, o Lug de Paula - que fazia o seu Boneco, na Escolinha, e o Calunga, nos quadros do Bento Carneiro - disse num programa do Faustão. "Meu pai não é um cara engraçado. O Chico Anysio é um cara engraçado, mas o meu pai é um cara sério, que às vezes acontecem coisas engraçadas com ele". Acho que foi uma descrição muito legal dele; que largou mão de falar do Chico Anysio pra falar do pai. E, cara, o PAI dele não era o Chico Anysio.
Outra coisa que é bom lembrar é que... gente, o Chico Anysio, prestou vestibular pro curso de Direito. E passou! Ao contrário de Renato Aragão (sim, o Didi Mocó), que É advogado (podem procurar no site do CNA), Chico Anysio não cursou a faculdade. Seria tão bom se tantos que resolvem prestar vestibular pro curso de Direito "pq é gramur" fizessem como Chico Anysio... Livraria o Brasil de muitos pseudo-juristas.
Não tem como pensar em Chico Anysio e não lembrar da Escolinha do Professor Raimundo. Como a Globo dedicou um BOM pedação da sua programação para lembrar a carreira dele, teve muitas coisas que lembrei da minha infância, e que marcavam meu dia a dia.
Primeiro, que eu lembro, sim, do Chico Anysio fazendo a crônica final no Fantástico. E, trocadilho infame à parte, era fantástico. Tipo, vc sabia que o Fantástico tinha acabado. Que não ia mais ter reportagem, que depois iria começar o Domingo Maior ou coisa que o valha. Agora, termina a reportagem, e vem o que? Zeca Camargo e Renata Ceribelli dando tchau igual Teletubies!
Outra: eu lembro que o programa do Chico Anysio, no começo, era às quartas, à noite. Depois da novela. E depois do Chico, vinha um filme. Tempos em que criança dormia cedo; pais e mães iam dormir cedo pq no outro dia, tinha trabalho e filho pra cuidar; a novela começava às oito da noite e terminava perto das nove e meia, dez no máximo; e o humor não era ofensivo pra ninguém - apesar de caricato.
Hoje em dia, no mundo do politicamente correto, fazer um personagem negro sem ser negro é ofensa. Um personagem gay caricato é ofensa. Uma personagem periguete é ofensa. Um personagem político é ofensa. Tudo é ofensa. Fazer crítica é ofensa. E, Deus, como Chico Anysio sabia fazer humor e sabia fazer críticas bem.
Talvez por isso ele se foi. Não foi só a doença que o levou. Foi a impossibilidade de fazer humor crítico, sem retaliações, que o levou. E, com ele, se foi boa parte do humor brasileiro.
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